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10 de set. de 2011

Assistindo a concertos: uma etiqueta


Por mais que você goste de suas gravações de música clássica e aprecie ouvir programações na internet ou no rádio, nada se compara a assistir a um espetáculo ao vivo.

É importante contextualizar o ambiente do concerto, para, então, compreender (e aceitar!) as regras de comportamento em um hall sinfônico, sala de música de câmara ou teatro de ópera. Elas também valem para locais que recebem eventos musicais, como igrejas e auditórios.
Existe uma etiqueta dos concertos - "concertiqueta" seria um bom neologismo - a ser seguida, de forma a você e todos no local aproveitarem ao máximo a performance ao vivo dos músicos.


A importância do silêncio



Devido à dinâmica própria da música clássica, é comum a alternância de volumes altos (fortíssimo) e baixos (pianíssimo).
Ou seja, para apreciar ao máximo a arte musical, é importante manter o silêncio. Se não, você perde uma parte significativa da beleza da coisa e os músicos perdem a concentração necessária.
É cada vez mais difícil manter o silêncio em salas de concerto. Aos tradicionais pigarros, tosses e papéis de bala, somaram-se os famigerados telefones celulares.

Tem sido lamentavelmente comum ouvir mais de um celular tocar durante concertos. Pior é quando o infeliz espectador resolve atender.

Quanto a comentários com amigos, melhor fazê-los na hora do intervalo ou esperar entre uma peça e outra, quando o som das palmas quebra o silêncio da sala.


As palmas e a importância de pegar o programa



A maior parte das obras da música clássica tem mais de uma parte (movimento). Concertos usualmente são divididos em três partes, sinfonias em quatro, e assim vai. Ou seja, quando a execução musical termina não necessariamente a música terminou. Pode ser apenas o final de uma parte.
Em concertos, aplaude-se somente ao final da execução de todas as partes da música. Para tal, é necessário saber quantas partes tem cada obra executada.
Como os intérpretes não avisam isso, o programa do espetáculo torna-se muito importante, pois traz o nome das músicas e todas suas partes. O programa costuma ser vendido ou distribuído gratuitamente.
Quem começa a frequentar concertos às vezes aplaude fora da hora por achar que a música terminou. Não há problema em aplaudir, apenas não é esse o costume. Equivale a você ir a um restaurante e pedir a conta ao mesmo tempo em que pede os pratos. É estranho, mas não é o fim do mundo.
Há frequentadores assiduos que se incomodam com as palmas fora de hora e manifestam sua insatisfação. Poucos têm a sensibilidade de identificar palmas fora de hora com a bem-vinda (e esperadíssima!) chegada de novas platéias.

Se você aplaudir por engano ou por ter se emocionado com a obra, não se preocupe. Fique a vontade e sinta-se sempre bem-vindo(a) nas salas de concerto. Muitos regentes e intérpretes não se incomodam com palmas fora de hora. O violinista alemão David Garrett, por exemplo, já disse que adora aplausos após os movimentos.
Importante mencionar que, na ópera, aplaude-se, sem qualquer problema, no meio da encenação, após uma performance relevante dos cantores. O mesmo acontece em balés. Cantores e bailarinos adoram receber a reação positiva do público no calor do momento.


O intervalo e os contatos sociais



Praticamente todos os concertos de música clássica têm intervalos. Este é o momento para você fazer comentários, esticar as pernas, tomar um café, ver e ser visto(a).

Concertos são eventos sociais iguaizinhos a idas ao cinema, ao teatro ou a exposições. É um programa onde você encontra pessoas de sensibilidade especial, pois a música clássica requer mesmo um ouvido sensível.
Aqui no Brasil, ainda não são comuns eventos do tipo "um drink depois" ou "um drink antes", organizados pela própria entidade que apresenta o concerto. Mas há quem ofereça palestras antes do concerto, o que acaba abrindo oportunidades para ampliar o leque de contatos.

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